Viagem de barco: 4 dias pelo litoral de Angra dos Reis

Quando estava dando a volta ao mundo, escutei muitos europeus contarem sobre férias passadas em veleiros. Aparentemente, é muito comum alugar um barco por uns dias e se perder por ilhas e praias paradisíacas. Bom, pelo menos na Europa, né? Mas sabia que também dá para fazer isso por aqui? Não?! Eu também não sabia. Por isso resolvi explorar o tema em uma linda viagem de 4 dias pelo litoral de Angra dos Reis, balneário com 365 ilhas a 166 km do Rio.
Apesar de termos pego um veleiro emprestado, alugar um por uns dias não é nenhum bicho de sete cabeças e nem custa uma fortuna. Se você souber velejar e tiver a carteirinha de Arrais Amador para comprovar o fato, a diária ficará entre R$ 113 e R$ 130/pessoa. Caso precise de um skipper (capitão do barco que pilotará a embarcação para vocês), é só adicionar R$ 250 à diária, que pode ser dividida entre os passageiros (entre 4 a 6 pessoas, dependendo do barco escolhido). Assim, o total incluindo o capitão sairá aproximadamente R$ 157/pessoa, um preço bastante em conta quando comparado às diárias dos hotéis (mais informações sobre empresas que alugam barcos no final do texto).

Em cima: cozinha do veleiro. O círculo vermelho é o puxador da geladeira, o freezer fica no balcão branco. Embaixo: sala de estar.

O veleiro tem 3 quartos, essa era a suíte. Em cima, chuveiro com box retrátil (você retira e prende para tomar banho). Embaixo no círculo: descarga manual da privada (funciona em sistema de “bombeamento”)
O legal de estar em seu próprio barco é personalizar o trajeto pelas ilhas, visitando paraísos mais reclusos e praias praticamente desertas. Fora que fica mais tranquilo passar mais tempo nos lugares mais legais, parando para almoçar em alguma ilha ou mergulhando em um point imperdível, por exemplo. Com alguns dias de pernoite no barco, é fácil traçar o roteiro que mais lhe agrada com o capitão. Você está no Rio e só tem um dia disponível para a viagem? Há duas alternativas: agendar um dia de escuna ou um passeio personalizado com uma empresa local. A escuna geralmente significa muvuca, barulho e farofada. Todas fazem o mesmo roteiro fixo, lotando as ilhas. O atrativo, nesse caso, é o preço: entre R$ 150 a R$ 170 por pessoa, incluindo almoço e transfer do seu hotel no Rio até a marina. Outras empresas, como a Veleiro Terra Firme, oferecem opções mais tranquilas com trajetos customizados para grupos fechados, a partir de R$ 180/pessoa com refeições à parte (não buscam no hotel).
Com o veleiro alugado, é só passar no Supermercado Zona Sul dentro do Shopping Pirata em Angra e abastecer com comes e bebes antes de subir a bordo. Ah! E não se esqueça de levar um bom remédio para enjoo. A maioria das pessoas não está acostumada a passar dias e noites em um veleiro, o que pode arruinar a viagem se você não estiver preparado! Eu recomendo o Vonau sublingual, por ter um efeito mais rápido, mas qualquer um está valendo.
Como meu marido veleja há alguns anos e conhece bem a área, traçamos um percurso bacana para os quatro dias de viagem:
1º. Dia:
Porto Bracuhy: Como chegamos um pouco tarde na quinta, resolvemos dormir no barco para todo mundo aclimatar com a embarcação. Além do movimento natural do mar, nosso grupo precisava descobrir onde ficava tudo no veleiro, além de se familiarizar com os procedimentos de rotina: travamento de portas e itens avulsos antes de velejar, como usar o sistema de bombeamento da privada e noções básicas de navegação.
2º. Dia:
Apesar do dia meio nublado, saímos logo de manhã em direção à Praia do Dentista (também conhecida como Jurubaíba) que fica na Ilha da Gipoia, a segunda maior da baía. Com água cristalina e areia branca, a praia é o point das lanchas e veleiros no verão. Há dois bares flutuantes, o Barco-Bar e o Jango’s Bar, especializados em petiscos, sushis e caipivodkas. Os pedidos são feitos via rádio, ou através do bom e velho assovio, e entregues de bote.
De lá, partimos para o Saco do Céu na Ilha Grande, a baía com mar mais tranquilo de Angra, ideal para atracar à noite, ou para praticar ski aquático e jet-ski durante o dia. O lugar é um santuário ecológico cercado por manguezais, resultando em uma vida marinha rica em biodiversidade. Em noites de céu limpo, é muito comum ver os tripulantes deitados na proa do barco para admirar o céu estrelado e seu reflexo no mar que, de tão calmo, lembra um lago. O reflexo nas águas ficou tão famoso, que deu nome à praia.
Ali também fica o Restaurante Coqueiro Verde, o único da praia. Para chegar é só passar um rádio para o restaurante que botes especiais te buscam em sua embarcação. Uma pena que a chuva noturna nos impediu de fazer o famoso pit stop no Coqueiro!
3º. Dia:
Do Saco do Céu fomos até a Vila do Abraão, a praia com maior infraestrutura para turistas. É no Abraão que está localizada a maior parte dos restaurantes, pousadas, bares, lojinhas e solteiros procurando companhia no verão. A vila é uma graça! Suas ruelas de pedra e a pequena Capela de São Sebastião são emolduradas por colinas de mata atlântica com uma linda formação rochosa conhecida como Pico do Papagaio no topo.
Para quem não está com seu próprio barco, a única maneira de chegar é alugando um taxi-boat, ou através das barcas e do catamarã que saem de Angra (horários e preços aqui), mas uma vez lá, dá para fazer várias trilhas até outras praias ou até as cachoeiras do Escravo ou da Feiticeira. Como não estávamos tanto a fim de agito, demos uma volta no centrinho e fomos almoçar em uma das pontas mais calmas da praia, no Quiosque da Praia da Júlia, que serviu uma deliciosa caldeirada de frutos-do-mar por R$ 112 (serve umas três pessoas, não aceita cartão).
Na sequência, deixamos a vila turística e passamos rapidamente na Lagoa Verde, uma das paradas obrigatórias das escunas. Depois de um tempo morgando na boia e brincando de arrastar nossos amigos com o barco, saímos em direção à Tapera, onde pernoitamos.
4º. Dia:
Acordamos na Praia da Tapera, na Enseada do Sítio Forte, e fomos de bote até a areia. Resolvemos almoçar por lá para aproveitar os famosos petiscos praianos do Restaurante da Telma. Apesar da sardinha frita ser o prato mais famoso, eu sou louca pela lula empanada! Tão gostosa, que pedimos duas vezes! A Telma também é especialista em caipiroskas com frutas diferentes, como pitanga ou carambola. Um lugar perfeito para relaxar!

Cardápio do Restaurante da Telma. Eles também oferecem água doce gratuitamente para reabastecer os barcos.
Enfim, tivemos que deixar a Ilha Grande e voltar ao Porto Bracuhy, pois sairíamos de Angra às 3 da matina em direção ao Galeão. Tudo que é bom dura pouco, né? Mas não faz mal, com um marido viciado em velejar, já já estou em Angra de novo!
OUTRAS INFORMAÇÕES
– Como chegar:
De avião: O aeroporto mais próximo é o Galeão, no Rio de Janeiro.
De carro: Vindo do Rio ou de São Paulo, acesso pela Rio-Santos (BR-101). Nós alugamos um com a Hertz no Terminal 1 do Galeão.
De ônibus saindo do Rio: A empresa Costa Verde tem um ônibus que sai praticamente a cada 45 minutos da rodoviária Novo Rio e leva aproximadamente 2 horas e 45 minutos para chegar (passagem R$ 44,00). Há várias marinas em Angra, então é preciso verificar em qual o seu barco se encontra para pegar um táxi até lá, ou outro ônibus (nós estávamos no Porto Bracuhy, a 22,5 km do centro de Angra).
– Aluguel de veleiros: A Angra Sail tem vários estilos de barcos com diferentes tamanhos. Custa entre R$ 113 e R$ 130 por pessoa sem skipper. Com skipper: acrescentar R$ 250 à diária.
– Veleiro Terra Firme: Passeios para até 6 pessoas com aproximadamente 6 horas de duração, saindo pela manhã e retornando ao entardecer, partindo da Marina da Glória. O passeio é exclusivo para o cliente, ou seja, o veleiro estará à disposição somente para seu grupo. Fazem paradas para mergulhos e fornecem nadadeiras, máscaras e snorkels. O barco é comandado pelo skipper, tendo também o imediato como tripulante. São duas pessoas para as manobras e tarefas de bordo, o que proporciona conforto, segurança e tranquilidade. Preços a partir de R$ 180/pessoa, para grupo com 6 tripulantes. O almoço é a parte, R$ 80,00 por pessoa. Bebidas e alimentação podem ser trazidas a bordo.
– Quer mais saber sobre outras praias e ilhas de Angra? Leia aqui.
– O que levar: Além de repelente, filtro solar e remédio para enjoo é bom levar dinheiro, pois vários estabelecimentos não aceitam cartões de crédito ou débito.
DEMAIS!! Realmente, a trip worth doing it 🙂 🙂
Um dia temos que repetir a dose! \o/
Amei Lê!!!
Quando vcs forem repetir chamem a gente!!! Morri de vontade!!!!
E parabéns mais uma vez, você escreve super bem!
Bjooooo
Vamos combinar, com certeza! Ssudades!!!!